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Vapor dos vapores - 304 páginas
NILTON BONDER
ROCCO
Estoque: 19
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Os pensamentos são vaporosos, neblinas que se interpõem entre o interior e o exterior. É neste nevoeiro que podemos projetar nossa imagem e é daí que divisamos um espectro de nosso sujeito. Esse eu é um fantasma revestido de pensamento, ou melhor, de pensares.
Este é um convite para um passeio cuja arte não está em ensinamentos, mas em como podemos dançar pela mente, trovar pelo imaginário e resistir às conclusões. Quando o verbete-pensar lhe levar à poética, resista; mais ai nda se lhe levar à prosa.
Em
Vapor dos vapores — Dicionário de Pensares, Nilton Bonder distingue um "pensamento" de um "pensar". O primeiro diz respeito à nossa capacidade — comum a todo ser humano — de re sponder aos questionamentos que fazemos à vida pelas vias da racionalidade e do lógico. Entretanto, por ser incrivelmente múltipla, dinâmica e rica, a vida ultrapassa (e muito!) tais questionamentos — que sob alguns aspectos podem até ser limitadores .
É aí que descobrimos outra forma de questionar e indagar, própria justamente aos "pensares". Porque um "pensar" é algo mais próximo do efêmero e do passageiro do que do definitivo; mais próximo da contemplação e do sonho do que do cogito. O pensar é um "vapor existencial", como aqueles sobre os quais nos ensina o rei Salomão.
Na forma de um dicionário, Nilton Bonder reflete sobre essa distinção. Seus verbetes têm sabor ao mesmo tempo poético, filosófico, artístico e até humorístico — ao modo de autores clássicos que, em seu tempo, também utilizaram uma escrita breve, simples e certeira para tratar dos grandes temas da existência humana: Voltaire, Machado de Assis, Nietzsche, Montaigne... É que, para refletirmos sobre assuntos sérios e existenciais, não precisamos (nem devemos), segundo Bonder, ser rigorosos e usar apenas a cabeça-que-pensa, mas também reclamar as emoções, o humor e a leveza — como quem faz uma caminhada ao a r livre. Estando presentes, sendo quem realmente somos e com a devida profundidade — só assim é que "podemos projetar nossa imagem, e é daí que divisamos um espectro de nosso sujeito".
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