Maranathá: casa de luz - 192 páginas

CRIS MOTTA
NOVO SECULO



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Quando acreditamos não ter força e que tudo está perdido, podemos mudar? Ainda temos tempo para escrever uma nova história? “Só acordei quando meu filho de 18 anos disse que eu era uma vergonha para ele”. (Lia, 50 anos) “Lembro que estav a num barraco da favela e lá me deram uma Bíblia. Só tinha eu, uma Bíblia, um tapete, umas cápsulas e a pornografia no chão. A única coisa que eu tinha de luz ali era a palavra de Deus”. (Douglas, 40 anos, educador social) “Tentei me suicidar umas três vezes na Avenida Niemeyer, mas quando corria para rua, não vinha carro ou ele parava. Ou alguém chegava na hora falando comigo e me tirava do transe. ‘Algo’ não me deixava morrer. E assim fui vivendo”. (Macalé, 50 anos, educador social) “Não vou falar que cheguei ao fundo do poço porque no fundo tem água limpa. Eu vivi mesmo na lama onde entrei no uso abusivo das drogas, prostituição, furto, até chegar a morar na rua”. (Daniele, 37 anos, educadora social) “Os caras pediram para me ma tar dentro da cela. Eu fiquei desesperado, e começou a anoitecer. Eles, nervosos, falavam: ‘Tu vai morrer de qualquer jeito!’. Aí eu rezei: ‘Maria, Maria, me tira dessa, eu juro que, se eu conseguir sair dessa, agora eu volto para igreja’. Às seis ho ras da tarde apagaram as luzes das celas. Até o corredor ficou escuro. Pensei: já era, agora vou morrer. E aí de repente, ligaram um rádio e veio o som do fundo do corredor: ‘Ave Maria, Maria...’”. (André Monteiro, 54 anos, vendedor)
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