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ESPINHO DE ARRAIA
MELLO, ROGER
GLOBAL EDITORA
Estoque: 27
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Quando entra em contato com o corpo humano, o veneno do espinho de uma arraia pode causar febres, alucinações e outros tipos de problemas. Esse é o ponto inicial da história de Espinho de Arraia, livro com trama e projeto gráfico de Roger Mello. Segu ndo o autor, ele concebeu a obra pensando em uma fruta amazônica: por fora tem uma cor misteriosa, que chama atenção, e por dentro é uma explosão de cores e sensações diferentes, sendo que na história, estes elementos podem vir tanto da estética do l ivro, quanto da profundidade do conto em si. A história começa com um dos oito irmãos presentes narrando uma trama fantástica sobre como ele chegou ao fundo de um rio de água escura. Com um conhecimento profundo da flora e da fauna amazônica, Roger M ello mostra peixes e plantas diferentes, como as borboletas amarelas, e o peixe aruanã, que engole os próprios filhotes para mantê-los seguros. Além de detalhar características de bichos tão especiais do nosso sistema ecológico, ele usa os mesmos par a fazer metáforas e simbolismos. Durante a narrativa, o irmão começa a descrever sentimentos que são particulares da sua família e marcaram, de alguma forma, a vida dele e dos irmãos. Sozinhos no mundo após terem perdido os pais cedo, foram criados p elo irmão mais velho e aprenderam a sobreviver por códigos e condutas especificas de proteção. Fazer xixi na areia para atrair as borboletas amarelas, por exemplo, servia para quando alguém estava perdido: bastava seguir elas para achar um deles (“pa ra seguir um de nós era só seguir as borboletas amarelas…”); o peixe aruanã, que protege aqueles que ama a qualquer custo, representa uma metáfora sobre o pai e a mãe e como o irmão mais velho deles sempre os protegeu. Já o pai e a mãe ausentes, se f azem presente na história quando o protagonista observa na natureza um retrato vivo dos seus pais (“um retrato do pai e da mãe que eu mesmo guardava e sumiu” ou “somos todos filhos de peixe”). O cunho emocional da obra se alinha perfeitamente com as ilustrações vivas de Roger Mello, misturando sentimentos que evocam nostalgia e proteção, mas que também falam sobre a infância e como nossa imaginação transforma todos os fragmentos da vida em uma memória criativa e sensível. É possível se identific ar com as cores vibrantes que representam a flora e a fauna tão presentes no nosso país, assim como personagens que enfrentam dilemas reais. Como o próprio autor diz no final, essa é uma história que vem “de dentro” e isso fica claro no investimento
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