GOSTO E PODER

JONATHAN NOSSITER
COMPANHIA DAS LETRAS



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Se o gosto é o reino da idiossincrasia, quem tem olho é rei na terra da degustação às cegas. Assim, contrariando a "histrionice temperada com efeitos botox do carvalho novo", que hoje rende os aplausos mais calorosos da imprensa especializada, o polêmico documentarista Jonathan Nossiter dirige seu juízo não tanto ao gosto dos críticos, mas sobretudo ao poder de uma nova casta de consumidores socialmente ambiciosos, porém culturalmente ignorantes. Para Nossiter, a sobrevivência dos vinhos de terroir, testemunhas seculares da civilização, associada ao sistema da designação de origem (anterior ao sistema californiano do tipo de uva), torna-se hoje uma questão de patrimônio mundial, de valor universal, da cultura.Contra a "pátina instantânea", que imita artificialmente o envelhecimento, mas também contra a noção de que o "pequeno sempre é bom e o grande é mau", Nossiter conclui que para ser crítico não se pode é ser empregado do sistema do vinho. Opériplo do autor começa no Rio de Janeiro, na companhia dos também cineastas Walter Salles e Karim Aïnouz, em torno de um Aglianico del Vulture, da região onde Pasolini rodou o Evangelho segundo São Mateus; e daí percorre diversas caves, restaurantes, vinícolas e shopping centers de vinho da Europa. Desses caminhos, surge um panorama enviesado do mercado do luxo, de um ponto de vista senão de uma gastrutopia, do luxo gastronômico para todos, ao menos da autonomia de um apaixonado curioso pela dimensão cultural do vinho, disposto a reforçar a liberdade de expressão do próprio prazer, sem sujeitar-se a formulações híbridas de boa publicidade e má poesia. "Este é o melhor livro já escrito sobre vinho, e não imagino que vá encontrar outro tão importante antes de morrer. Bravo, Nossiter!" - Bill Buford, autor de Calor
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